Um dos conteúdos mais cobrados em provas de concursos públicos é, com certeza, a Lógica de Argumentação. E para entender este conteúdo, devemos primeiramente definir o que é um argumento.
ARGUMENTO
Argumento é uma relação que associa um conjunto de proposições (p1, p2, p3,... pn), chamadas premissas ou hipóteses, e uma proposição C chamada conclusão. Esta relação é tal que a estrutura lógica das premissas acarretam ou tem como conseqüência a proposição C (conclusão).
O argumento pode ser representado da seguinte forma:
EXEMPLOS:
1. Todos os cariocas são alegres.
Todas as pessoas alegres vão à praia
Todos os cariocas vão à praia.
2. Todos os cientistas são loucos.
Einstein é cientista.
Einstein é louco!
Nestes exemplos temos o famoso silogismo categórico de forma típica ou simplesmente silogismo. Os silogismos são os argumentos que têm somente duas premissas e mais a conclusão, e utilizam os termos: todo, nenhum e algum, em sua estrutura. Os silogismos são a maioria esmagadora dos argumentos cobrados em provas de concursos!
ARGUMENTOS DEDUTIVOS E INDUTIVOS
Os argumentos podem ser classificados em dois tipos: Dedutivos e Indutivos.
1) O argumento será DEDUTIVO quando suas premissas fornecerem informações suficientes para comprovar a veracidade da conclusão, isto é, o argumento é dedutivo quando a conclusão é completamente derivada das premissas.
EXEMPLO:
Todo ser humano têm mãe.
Todos os homens são humanos.
Todos os homens têm mãe.
2) O argumento será INDUTIVO quando suas premissas não fornecerem o “apoio completo” para ratificar as conclusões. Portanto, nos argumentos indutivos, a conclusão possui informações que ultrapassam as fornecidas nas premissas. Sendo assim, não se aplica, então, a definição de argumentos válidos ou não válidos para argumentos indutivos.
EXEMPLO:
O Flamengo é um bom time de futebol.
O Palmeiras é um bom time de futebol.
O Vasco é um bom time de futebol.
O Cruzeiro é um bom time de futebol.
Todos os times brasileiros de futebol são bons.
Note que não podemos afirmar que todos os times brasileiros são bons sabendo apenas que 4 deles são bons.
OBS.: Bastante comuns em concursos, são questões em que o candidato deve observar as premissas dadas no enunciado e dizer qual a conclusão possível dentre as das opções. Veja o exemplo de uma questão da FCC:
PROBLEMA 1: (FCC) Considere que as seguintes afirmações são verdadeiras:
“Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.”
“Existem crianças que são inteligentes.”
Assim sendo, certamente é verdade que:
(A) Alguma criança inteligente não gosta de passear no Metrô de São Paulo.
(B) Alguma criança que gosta de passear no Metrô de São Paulo é inteligente.
(C) Alguma criança não inteligente não gosta de passear no Metrô de São Paulo.
(D) Toda criança que gosta de passear no Metrô de São Paulo é inteligente.
(E) Toda criança inteligente não gosta de passear no Metrô de São Paulo.
SOLUÇÃO:
Representando as proposições na forma de conjuntos (diagramas lógicos – ver artigo sobre diagramas lógicos) teremos:
“Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.”
“Existem crianças que são inteligentes.”
Pelo gráfico, observamos claramente que se todas as crianças gostam de passear no metrô e existem crianças inteligentes, entãoalguma criança que gosta de passear no Metrô de São Paulo é inteligente. Logo, a alternativa correta é a opção B.
VALIDADE DE UM ARGUMENTO
Uma proposição é verdadeira ou falsa. No caso de um argumento dedutivo diremos que ele é válido ou inválido. Atente-se para o fato que todos os argumentos indutivos são inválidos, portanto não há de se falar em validade de argumentos indutivos.
A validade é uma propriedade dos argumentos que depende apenas da forma (estrutura lógica) das suas proposições (premissas e conclusões) e não do seu conteúdo.
Argumento Válido
Um argumento será válido quando a sua conclusão é uma conseqüência obrigatória de suas premissas.
Em outras palavras, podemos dizer que quando um argumento é válido, a verdade de suas premissas deve garantir a verdade da conclusão do argumento. Isso significa que, se o argumento é válido, jamais poderemos chegar a uma conclusão falsa quando as premissas forem verdadeiras.
PROBLEMA 2: (CESPE) Suponha um argumento no qual as premissas sejam as proposições I e II abaixo.
I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é infeliz.
II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco.
Nesse caso, se a conclusão for a proposição “Mulheres desempregadas vivem pouco”, tem-se um argumento correto.
SOLUÇÃO:
Se representarmos na forma de diagramas lógicos (ver artigo sobre diagramas lógicos), para facilitar a resolução, teremos:
I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é infeliz. = Toda mulher desempregada é infeliz.
II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco. = Toda mulher infeliz vive pouco.
Com isso, qualquer mulher que esteja no conjunto das desempregadas (ver boneco), automaticamente estará no conjunto das mulheres que vivem pouco. Portanto, se a conclusão for a proposição “Mulheres desempregadas vivem pouco”, tem-se um argumento correto (correto = válido!).
Argumento Inválido
Dizemos que um argumento é inválido, quando a verdade das premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclusão, ou seja, quando a conclusão não é uma conseqüência obrigatória das premissas.
PROBLEMA 3: (CESPE) É válido o seguinte argumento: Se Ana cometeu um crime perfeito, então Ana não é suspeita, mas (e) Ana não cometeu um crime perfeito, então Ana é suspeita.
SOLUÇÃO:
Representando as premissas do enunciado na forma de diagramas lógicos (ver artigo sobre diagramas lógicos), obteremos:
Premissas:
“Se Ana cometeu um crime perfeito, então Ana não é suspeita” = “Toda pessoa que comete um crime perfeito não é suspeita”.
“Ana não cometeu um crime perfeito”.
Conclusão:
“Ana é suspeita”. (não se “desenha” a conclusão, apenas as premissas!)
O fato do enunciado ter falado apenas que “Ana não cometeu um crime perfeito”, não nos diz se ela é suspeita ou não. Por isso temos duas possibilidades (ver bonecos). Logo, a questão está errada, pois não podemos afirmar, com certeza, que Ana é suspeita. Logo, o argumento é inválido.
LEMBRE-SE: CAI EM PROVA!!!
fonte:Folha dirigida>Artigos Dirigidos>Oscar Queirz.